Determinação da concentração de metais em perfis sedimentares de lagoas atingidas pelos rejeitos do rompimento da barragem de Fundão
DOI:
https://doi.org/10.15392/2319-0612.2025.2618Palavras-chave:
metais, sedimentos, lagoas, Espírito Santo, barragem de FundãoResumo
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, liberou mais de 59 milhões de m³ de rejeitos que alcançou quase 700 quilômetros ao longo do rio Doce, percorrendo os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, atingindo o estuário e chegando ao oceano Atlântico. Tendo em vista todos os possíveis impactos que podem ter sido causados pelo acidente ambiental do rompimento da barragem de Fundão, considerado o maior desastre socioambiental do mundo envolvendo barragens de rejeito, ressalta-se a necessidade de estudos que abordem o nível de contaminação dos ecossistemas terrestres, devido não só a sua capacidade em acumular elementos químicos, mas por também serem reconhecidos como possíveis fontes de contaminantes. Neste seguimento, o presente trabalho avaliou as concentrações de metais (Zn, Mn, Cr, Cu, Ni, As, Pb, Ba, Al e Fe), em perfis verticais, de amostras de sedimentos de três lagoas do Estado de Espírito Santo, atingidas após o rompimento da barragem de Fundão. Para a extração dos testemunhos foi utilizado um amostrador gravitacional fornecido pela empresa austríaca Uwitec. As amostras de sedimento foram submetidas a abertura ácida e, para quantificação dos metais, foi utilizado um espectrômetro de emissão ótica em plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). Foram obtidas concentrações máximas de ferro (235.260 mg kg-1) e de arsênio (52 mg kg-1) no perfil Areal; de alumínio (30.270 mg kg-1) e manganês (4.590 mg kg-1) no perfil Areão. As concentrações de Cu, Pb e Zn ultrapassaram os valores-guias adotados pelo CCMA, acima dos quais a ocorrência de efeitos negativos à biota é provável.
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