Caracterização dosimétrica do LiF-nrpb para calibração de aplicadores clínicos de betaterapia
DOI:
https://doi.org/10.15392/bjrs.v8i1A.1087Palavras-chave:
Betaterapia, dosimetria, termoluminescênciaResumo
Introdução
O sistema de saúde no Brasil, como um todo, possui déficits em mão de obra e em infraestrutura. Na área radioterápica não é diferente, a falta de equipamentos como aceleradores lineares, instigam a procura de alternativas que substituam estes instrumentos de ponta. A betaterapia é uma destas alternativas que o Sistema Único de Saúde e serviços particulares implantam para suprir a demanda. Aplicadores clínicos de 90Sr + 90Y, com meia-vida de 28,8 anos (1), são ainda utilizados para tratamentos dermatológicos e oftálmicos, substituindo o uso de aceleradores lineares, porque são de custo mais baixo e práticos. A calibração e a recalibração periódica destes aplicadores, para verificação da taxa de dose absorvida, são essenciais para garantir segurança nos tratamentos clínicos (2). Foi avaliada a resposta termoluminescente (TL) do Fluoreto de Lítio de amostras que eram empregadas antigamente na rotina de trabalho de radioproteção pessoal na empresa National Radiological Protection Board (NRPB) (3); estas amostras foram caracterizadas, avaliadas e empregadas em um planejamento de calibração de aplicadores clínicos de betaterapia desenvolvido no Intituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
Metodologia
Foram utilizadas 40 pastilhas de LiF-NRPB que consistem de uma placa de liga de alumínio, onde dois discos de politetrafluoroetileno carregados com fluoreto de lítio são retidos por anéis de alumínio (3). Estes materiais estavam disponíveis no Centro de Metrologia das Radiações, empacotados e conservados, apresentando ótimas condições para uso.
Foi usado o sistema leitor, modelo Risö TL/OSL-DA-200, com taxa de aquecimento de 0,1°C/s a 10°C/s para a avaliação TL das pastilhas de LiF-NRPB.
Foram utilizados dois sistemas de radiação para caracterização do material dosimétrico. O primeiro faz parte do sistema leitor, marca RISÖ, modelo Risö TL/OSL-DA-200, com taxa de dose absorvida de 83 mGy/s. O segundo é uma fonte do sistema padrão secundário BSS2 de 90Sr + 90Y (1040 MBq, 2005), Amersham Buchler, à distância fonte-detector de 11 cm, com taxa de dose no ar de 207 µGy/s e taxa de dose na pele de 229 µGy/s.
Um forno do tipo mufla por micro-ondas modelo MFLO1000, PROVECTO ANALITICA, foi utilizado com uma taxa de aquecimento de 47°C/min e incerteza de ± 3°C. As amostras foram tratadas a 300 °C durante 1 h (3).
Os principais documentos envolvendo fontes de braquiterapia afirmam que a calibração dos aplicadores deve ser de acordo com a taxa de dose depositada no tecido ou na água. O uso de materiais dosimétricos deve ser criterioso e cada dosímetro não deve ultrapassar uma margem de incerteza de 5% (k=1) dentro da reprodutibilidade e devem ser consideradas as incertezas do tipo A e B. Os dosímetros devem ser calibrados de acordo com um material radioativo padrão primário ou secundário. As calibrações devem abranger a área total que compõe a placa plana ou côncava (2).
Resultados
Foram caracterizadas 40 amostras de LiF-NRPB quanto à reprodutibilidade, dependência angular, linearidade de resposta e foi determinada a curva dose-resposta para cada pastilha. Perdeu-se 3% da resposta TL após 24 h e o sinal manteve-se estável após este período como previsto na literatura (4).
A reprodutibilidade TL e as incertezas relacionadas para 6 ciclos de medições das amostras de LiF-NRPB foram excelentes, apresentando valores médios máximo de 17,48 u.a. e mínimo de 9,10 u.a., com incertezas que variaram entre 1,1 % e 4,0 %.
Tabela 1. Valores de R2 e fatores de correção para a dependência angular das 5 amostras de LiF com melhores características dosimétricas TL.
Curvas dose-resposta
Fatores de correção para angulação
Amostra
R2 do ajuste linear
15°
30°
45°
1
0,9998
1,13
1,16
1,21
2
0,9982
1,22
1,23
1,25
3
0,9996
1,16
1,24
1,26
4
0,9996
1,20
1,27
1,30
5
0,9998
1,17
1,19
125
A linearidade foi avaliada em um intervalo de dose de 0,5 Gy a 4 Gy, considerando que os tratamentos utilizados em betaterapia variam de 2,0 a 3,5 Gy (2).
Conclusões: As amostras apresentaram boa sensibilidade e boa reprodutibilidade; linearidade de curva dose-resposta e coeficiente de correlação linear superior a 0,998. Será ainda relatado neste trabalho a calibração de um aplicador clínico do IPEN e a sua comparação com a taxa de dose do certificado do fabricante.
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Referências
-FRIEDELL, H.L.; THOMAS, C.I.; KROHMER, J. S. Beta-ray application to the eye: with the description of an applicator utilizing 90Sr and its clinical use. American Journal Ophthalmol, v.33, n.4, p. 525-535, 1950.
-ISO, INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Clinical dosimetry - Beta radiation sources for brachytherapy. ISO, Geneva, 2009. (ISO 21439:2009)
-DENNIS, J. A.; MARSHALL, T. O.; SHAW, K. B. The NRPB's new dosimeter and dose record keeping services. NDT International, v. 9, n. 6, p. 306-310, 1976.
-McKEEVER, S. W. S. Thermoluminescence in Solids. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.
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